quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A noite chega...





A noite chega. O tempo está fechado com pequenas gotas de chuva que caem na janela. Dentro do quarto o silêncio prevalece, coisas jogadas pelo chão, cama bagunçada e a televisão ligada, em um canal qualquer sem importância. Deito-me no chão e olho a chuva cair sobre a janela. Olho para o lado e vejo fotos suas jogadas pelo chão, me deparo com pensamentos que me levam a ti, é quase instantâneo. Sabe que lembrança eu tive? Aquela, da noite em que viajamos horas e horas em um carro, eu como piloto e você como guia, apenas nós dois. Lembra quando eu brincava contigo dizendo que estávamos perdidos? Que estávamos indo para o caminho errado, e na verdade eu só fazia isso pra ver a tua cara de preocupada e logo dizer que estava brincando, só pra ver aquele sorriso de alívio e sem graça por acreditar em mim, você ficava brava e vinha me bater, e eu lá, só rindo da gente. Lembra quando chegamos na praia? Estávamos tão perdidos que nem sabíamos para onde ir, e como estava tarde, ali mesmo eu montei a nossa barraca, meio errada, mas era a “nossa barraca”. Depois que ajeitamos as coisas, deitamos na areia e olhamos para o céu, ah como estava lindo aquele céu, tão limpo, cheio de estrelas e a maré estava baixa com um vento tão suave que era possível ouvi-lo passando sobre a gente. O clima esfriou, logo fiz uma fogueira para que pudéssemos se aquecer durante a noite. Entramos na barraca, coloquei um som bem baixinho, me sentei sobre as cobertas e peguei meu violão. Ao lado você ficou, sentada, apenas me ouvindo e me olhando com aqueles olhos brilhantes que só você tinha quando me olhava, me olhava com as mãos apoiadas no queixo e com um sorriso leve, mas sincero. O sono foi chegando, e logo tomou conta da gente, me deitei sobre a coberta e você com a cabeça colocou-a no meu peito. Logo dali eu perdi meu sono, me importei em te admirar, em passar a mão nos teus cabelos, e sentir o teu cheiro bem de pertinho, parecia não ter fim, parecia a primeira vez que eu te tinha em meus braços, mas era assim, sempre foi  assim, como se fosse a primeira vez e única.
Ahhh! – eu suspirei.
Abri meus olhos e voltei ao silêncio do meu quarto, a chuva lá fora estava parando, mas meus pensamentos só estavam começando, aqui dentro, na minha cabeça.

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