quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Primeira noite - A realidade.

Essa madrugada não está sendo nada fácil, já faz mais ou menos 3 horas que não consigo dormir depois do seu ultimo telefonema. Dessa vez eu já não sei o que falar, ando perdido aqui no meu quarto, a única coisa que me restou foi esse papel amassado e um lápis, ligo uma pequena luz, apenas para enxergar as linhas do papel, e começo a pensar e relembrar. Dessa vez está diferente meu pensamento, estou pensando mais em mim e no quanto fui idiota. E sabe por quê? Por ser assim, do meu jeito. Aquele jeito de querer se preocupar demais com você, querer te ver bem, te dar atenção sempre que precisar, atender seus favores sempre que no possível fosse. O problema disso é que eu acordei, vi o quanto eu te dou tudo isso, e você mal me liga pra saber como estou, mal se importar em saber como foi meu dia. As coisas pareciam bem, mas eram apenas ilusões da “felicidade”, a felicidade passageira, tão boa que conseguia cobrir os dias de tristeza que me viam de vezes em quando. –Droga, como fui um idiota.
Como pude ser assim? Tão ingênuo. O amor me deixou cego a ponto de esconder a realidade que estava ao meu nariz, mas como toda ilusão não dura muito tempo, a sua não durou nem alguns meses. Como você pode ser assim comigo? Você era fria e sem sentimentos, pelo menos era isso que demonstrava, ou o que faltava demonstrava. Você estava feliz, sempre alegre, mas também, tem como não está feliz? Pra ti era fácil, sempre me tinha contigo aos teus pés, era tudo de bom.
Segunda noite – A verdade.
Hoje meu dia não foi nada bom, ainda há lembranças da madrugada passada e como não sou de esquecer fáceis as coisas, ainda me dói.  Essa noite eu tentei conversar contigo, tentei explicar e falar e falar, mas como nada mudava eu continuava mal. Você dizia que estava “tudo bem”, mas na verdade quando você falava isso, só aumentava a dor de que só você não conseguia enxergar a dor que eu estava passando, a dor da falta que você me fazia, dos dias em que você se preocupava comigo e ainda demonstrava um pouco do amor que parecia ainda existir em ti. O pior de tudo é que você sempre foi grossa, ignorante e orgulhosa comigo, mas eu não ligava, estava feliz ao teu lado.
Te liguei essa madrugada, por volta de 1:27 e lembra o que te perguntei? Te pedi para me definir em 5 palavras, você meio que sem jeito conseguiu as 5 palavras mais bonitas e verdadeiras sobre mim. Chegou minha vez, e sabe quantas palavras boas eu tinha para te definir? Nenhuma, apenas grosseria e ignorância da sua parte. Você se calou, ficou meio sem graça, pois isso era verdade, não foi um choque para ti, me pareceu que estava tranquila, alias você sempre foi assim, meio fria, mas eu te amava. Depois de mais algumas horas no telefone, e te ver chorando mais sem resultado algum, apenas lágrimas e palavras que não correspondiam as tuas atitudes. Eu desliguei, tentei dormir. 
Terceira noite - A imaginação.
Depois de duas noites sem dormir, e horas pensando em ti, resolvi tomar uma banho, tentar relaxar, mas os minutos de silêncio daquele banho só faziam piorar as coisas. Entrei no quarto com os pés úmidos e a tolha enrolada sobre a minha cintura, me olhei no espelho, refleti e pensei. O que estou fazendo? É isso que eu quero para mim? Ou é isso que eu quero para ela? As respostas pareciam sempre me levar para o lado negativo das coisas, sempre pensando em deixá-la. Depois de alguns minutos me deitei no chão, ao lado da cama e de frente para a minha janela, que hoje estava sem graça, sem estrelas, sem nada. Resolvi imaginar, isso mesmo, imaginar. Coisa que pouco eu sabia fazer, mas naquele momento era a única coisa que me vinha em mente. Imaginei um futuro onde só havia nós, na verdade havia mais a importância e o carinho que você tinha por mim naquele momento. Estávamos em uma praça, cheio de pessoas, crianças brincando e sorrindo, pessoas andando de mãos dadas e se beijando, pessoas gritando e se divertindo, era uma mistura de pessoas, mas todas pareciam felizes. Eu e você estávamos em um banco, sentados, em frente ao mar. A brisa batendo em nossos rostos e o cheiro de comida que vinha ao lado era de agradar a qualquer um que estivesse ali. Nos beijamos, se abraçados, trocamos sentimentos e brincadeiras, você passava sorvete no meu nariz e eu te mordia por ficar me implicando, dávamos gargalhadas de qualquer besteira e tão altas que algumas pessoas até estranhavam. Depois fomos para um jardim que ali próximo existia, tinha tantas espécies e variedades de plantas, que o cheiro dava para sentir de longe o quão era agradável, passeamos sobre as trilhas que ali tinham, e em volta algumas arvores e pássaros que cantavam para agradar e alegrar ainda mais a nossa passeata. Antes de chegar ao fim da trilhar, brincamos de quem chegaria primeiro ao fim, corremos e corremos, e rimos durante o caminho, te deixei ganhar, só para te ver feliz, e poder te abraçar e te beijar de verdade. Em seguida…
-Um barulho forte me acordar, era a porta que tinha batido com uma força que dava para ouvir até do vizinho.
Eu queria imaginar mais, mas já estava tarde e precisava dormir. 
Quarta noite – A última esperança.
Já não aguento mais, estou perdendo as forças em acreditar em ti, mas meu amor ainda insiste em te querer, em pensar que você vai mudar.
-03h53min da manhã.
Tento, na ultima esperança uma ligação, para definir o rumo das nossas vidas juntos.
-Alô? –ela responde.
- Olha, eu já não aguento mais, desculpa. Eu só queria entender, por que você é assim? Fria, sem sentimentos, sem carinho, sem nada. Sabe, eu te dei tudo, te fiz tudo, e to até agora aqui, sem desistir de você, mas já estou me cansando. Diga-me, o que você tem? O que te falta para me amar? Ou para apenas demonstrar? –com lágrimas ele falou.
- Desculpa, eu não queria ser assim, mas eu sou. Te falei que não sabia demonstrar meus sentimentos, mas tu sabes que eu te amo, e muito. Queria poder demonstrar tudo, mas me falta palavras, e sempre que eu tento, eu me perco no meio delas. Só te peço uma coisa, que não me deixe te perder. –ela responde, chorando.
- Prove, mostre, acorde. Você está me perdendo, não estas vendo?  Já estamos meses assim e você não sequer demonstrar algo, e quando demonstrar é por alguns segundos, mas sabia que sempre que te vejo tentando demonstrar, me bate uma aceleração no coração, uma felicidade tão grande de ver o carinho que tu sentes por mim. O que custa tu demonstrar? Tudo seria melhor se você acordasse, e percebesse que estou indo embora, e você sabe que quando eu vou, eu não volto mais. Desculpa, eu te amo, mas já não aguento essa falta de carinho e amor que tu não me dá. –ele responde com a voz alta e triste.
-Silêncio-
- Eu te amo, até algum dia. –ele desliga, já sem esperança.

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